Na disputa do segundo turno para governador de Mato Grosso do Sul, Eduardo Riedel (PSDB) apresenta propostas para ampliar investimento em construção de casas populares, medida para enfrentar o deficit habitacional; construir o Hospital Regional do Pantanal e unidade hospitalar no Norte de MS para concluir a regionalização da Saúde; e moldar um Estado capaz de atrair investimentos, com geração de emprego e renda.
Como registrado no plano de governo, documento entregue à Justiça Eleitoral, o candidato reafirmou o compromisso de devolver em serviços de qualidade “cada centavo” do imposto pago pelo contribuinte, e aumentar o valor do “Mais Social” de R$ 300 para R$ 450.
“Nós podemos atender até 100 mil famílias no Mais Social. Hoje, são quase 90 mil famílias sendo atendidas. Mas o programa será para quantas pessoas precisarem. À medida que você gera emprego e renda, surgem as condições para a porta de saída das famílias dos programas sociais. O aumento para R$ 450 será uma prioridade do Estado, uma decisão direta da gestão”.
Ainda sobre tributos, Riedel afirma que não embarca em propostas eleitoreiras, tônica do primeiro turno, de corte de impostos, mas que há espaço para redução, como no setor de micro e pequenas empresas.
“Eu nunca fiz proposta eleitoreira porque eu sei o que é possível e o que não é possível. Mas há espaço fiscal. Quando você fala de redução de impostos para micro e pequenos empresários, é um mecanismo de competitividade para o setor que mais emprega no Estado. E esse segmento tem espaço para reduzir tributos”.
Ainda de acordo com o candidato, o próximo orçamento terá impacto da redução de impostos em combustíveis, telecomunicações e energia.
Eduardo Riedel tem 53 anos e chegou ao primeiro escalão do governo em 2015. Em sete anos, comandou as secretarias de Governo e de Infraestrutura. Ele também presidiu o Prosseguir, programa que ordenou as atividades econômicas na pandemia de coronavírus. Agora, na primeira eleição, busca o mais alto cargo político do Estado.
Confira a entrevista com o candidato Eduardo Riedel:
Em Mato Grosso do Sul, a habitação tem previsão de investimento de R$ 166,5 milhões em 2022. Contudo, o Estado tem deficit habitacional de 71.966 moradias. Qual a proposta do candidato para solucionar esse problema?
A demanda é de 90 mil casas. O deficit apurado pela Fundação João Pinheiro, com cruzamento de dados do IBGE, totaliza essas 71,9 mil moradias. Nós temos que fazer uma linha de corte para poder investir o máximo possível da demanda, que é algo em torno de R$ 8 bilhões, para sanar esse deficit.
O que vamos fazer é criar soluções distintas para faixas salariais distintas. Porque dentro desse chamado deficit temo situações de pessoas que estão pagando aluguel e que poderiam direcionar para contribuir com a parcela da casa própria.
Vamos investir um volume importante, em torno de R$ 200 milhões por ano. Mas não adianta imaginar que com orçamento de R$ 150 milhões, R$ 200 milhões vai ser sanado o problema em quatro anos. A não ser que a gente tenha uma política pública do governo federal que massifique com recursos o chamado deficit habitacional.
No ano de 2021, Mato Grosso do Sul teve taxa de homicídios de 15,5 por 100 mil habitantes. Em Ponta Porã, município que faz fronteira com Pedro Juan Caballero, a taxa foi de 53,5. Que medidas o candidato pretende adotar para reduzir a violência na fronteira que se convencionou chamar de “terra sem lei”? Vai buscar parceria com o Exército?
O sucesso da política pública num Estado como o nosso – que tem 1.500 quilômetros de fronteira seca e é entrada de ilícitos (drogas, armas, contrabando) no Brasil – se dá em duas grandes vertentes: coordenação e inteligência. São duas palavras-chaves para segurança pública na fronteira.
Coordenação é em parceria com as forças federais. Não só Exército, mas Marinha, que tem Distrito Naval em Ladário, Aeronáutica, com a Base Aérea em Campo Grande. Nós temos o Sisfron (Sistema Integrado de Monitoramento de Fronteiras), os radares que foram instalados em Corumbá e Ponta Porã. Tudo isso faz parte de um sistema de inteligência. Com isso, a gente consegue melhorar muito os resultados.
Claro, além das forças de segurança pública estaduais, estarem equipadas, preparadas, com os profissionais valorizados, atuando com suas estratégias de combate ao crime. A nossa Polícia Civil é a que mais resolve crimes no Brasil. A gente está no quinto Estado mais seguro do País. Mas ainda temos que avançar em alguns pontos específicos, dado essa particularidade do Estado. Também já se faz necessária uma delegacia especializada em crimes cibernéticos.
Mato Grosso do Sul planejou investir R$ 2,4 bilhões na educação em 2022. Mas como combater a evasão escolar e tornar o Ensino Médio atrativo, para quem se equilibra entre formação escolar e necessidade de trabalhar?
Nós temos que colocar a escola em sintonia com a expectativa dessa geração. Por isso que sempre digo que é muito importante nós termos uma escola capaz de compreender os movimentos e mudanças da sociedade.
Quando a gente parte da escola de ensino integral, o que estamos fazendo é criar dentro da escola instrumento que sejam capazes de reter esse adolescente. Por vontade, curiosidade, busca de conhecimento, ensino profissionalizante, inclusão digital. É uma transformação que vai ocorrendo na escola e temos que estar atento para criar sintonia entre essa geração e o que está sendo ofertado dentro da sala de aula.
O Estado terminou o ano de 2021 com saldo positivo de 36 mil novas vagas. Campo Grande apresentou melhor resultado com geração de 13.369 empregos. Enquanto o pior resultado foi em Sonora, que perdeu 324 postos formais. Como distribuir a geração de empregos pelos municípios?
Nós temos entender qual a vocação do município e estimular iniciativas. O fato é que Mato Grosso do Sul, dentro dessa distribuição, vem alcançando índices líderes no Brasil. Nós somos a terceira menor taxa de desemprego no País. Proporcionalmente, somos um dos Estados que mais gera oportunidade para a sua gente.
Por isso, falamos muito em qualificação. Temos pessoas que precisam de emprego, mas não encontram essa oportunidade. E só um ambiente de desenvolvimento é que vai manter gerando oportunidades.
A pior situação que pode ter é uma sociedade estagnada. Onde a população cresce, mas você não gera oportunidade para essas pessoas.
Aí vem a pobreza, o desemprego, depois miséria. É um ciclo muito ruim. O Estado tem a obrigação de induzir ambiente de desenvolvimento. O Estado gera condições para que o emprego e renda sejam criados.
Com 65% do Pantanal, Mato Grosso do Sul registra a expansão da lavoura de soja, que já ocupa três mil hectares, com cultivo concentrado nos municípios de Aquidauana, Miranda e Coxim. Caso eleito, apoiaria projeto de lei para proibir a soja no Pantanal?
Essa é uma discussão que temos que ter com todas as partes interessadas. O censo georreferenciado, que o Estado faz duas vezes por ano e os satélites avaliam a gestão territorial, mostra que temos 1.400 hectares nos 12 milhões de hectares de Pantanal. E não é um ambiente apropriado para produção de soja.
Tecnicamente, não existe viabilidade de plantio de soja no Pantanal. Se isso, de alguma maneira, encontrar espaço, o Estado tem que estar atento sim. Mas acredito que essa situação não vai prosperar pela própria da condição de ambiente que temos naquela região.
Mas estamos completamente abertos a todas as partes interessadas para cuidar desse assunto e acompanhar de perto, sempre monitorando como se dá essa evolução. Duas vezes por ano o Estado, junto com a Federação de Agricultura, faz a leitura satelital de todo o Mato Grosso do Sul, que serve de base para os órgãos oficiais calcular área plantada de soja, milho, eucalipto. A gente acompanha muito de perto a gestão do território.